EU ESPERO

Eu espero

Rezando nas contas do terço, estourando plástico bolha, 

contando carneirinhos, criando imagens nas nuvens, 

fazendo tricô, separando grãos, enchendo galões com conta-gotas, 

cantando mantras, escrevendo poemas, fazendo deles

 bolinhas, aviões e barquinhos de papel pra jogar no lixo,

acertar o cesto já me alegra

vendo o visgo do rastro da lesma, vendo a aranha tecendo a teia

vendo o relógio arrastar o dia

impacientemente

eu espero 

como Caymmi na rede busca a rima

como a concha burila a pérola

como pássaros constroem ninhos

como a lagarta espera pelas asas coloridas

como o jardim espera o balé das borboletas

eu espero, desespero, indigno, resigno, espero...

Minutos duram pequenas eternidades, no entanto a vida é breve.

kleuber garcez