quarta-feira, 29 de julho de 2009

ALDIR BLANC "a nível de..."


Ele talvez seja o letista que mais tenha me impressionado pela síntese, pelo redutismo, pela força da palavra, pela anarquia (dentro da sigla MPB), pela genialidade, pela marginalidade, passeios por cabarés decadentes, troca de casais, mulheres submissas e megeras, machismo escancarado, bebedeiras na lapa, canalhices, terreiros de umbanda, romantismo e sexismo, cinismo e deboche, imagens surreais pela pavavra cantada.

Um cronista da ralé que presta seus serviços na mais alta cúpula da musica brasileira.
Entre eus parceiros, todos tão geniais quanto, está o maior deles;
João Bosco.

Pensei em uma canção que pudesse traduzir a força desse senhor de barba branca mas nao deu, todas tem um sabor especial, uma vivência meia "Nelson Rodrigues" que traduz não só a maneira absurda que a sociedade tupiniquim vive; suas alegrias, medos, desejos e taras; como também sua hipocrisia deslavada.

Caetano Veloso fala aqui de "Incompatibilidade de Gênios"
http://www.obraemprogresso.com.br/category/joao-bosco/

INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS
João Bosco e Aldir Blanc

Dotô,
jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.
Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.

Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar
Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar

Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar
Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá

Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,

Mas veste o casaco prá me atazanar
E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar

Ai, quero me separar

4 comentários:

  1. Concordo... Deixo aqui uma sugestão: Que tal faz uma postagem com Fernando Brant. Genial, não?

    até...

    Querendo trocar uma idéias pode me encontrar no lenitivocultural.blogspot.com

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  2. valeu a sugestão cícero. um abraço!

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  3. O Aldir é realmente um caso único na MPB, ninguém escreve como ele. O mesmo eu diria do Fernando Brant, um jeito muito especial de escrever, que eu pude ficar conhecendo melhor lendo o livro "Os Sonhos não envelhecem" do Márcio Borges, que aliás, eu recomendo. Abraços!

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