por zeca camargo...
Se até Caetano Veloso teve dificuldade em explicar o que é cultura pop, quem sou eu para vir com uma “definição definitiva” nesses quase quatro anos de blog? A cena, na qual Caetano se enrola para responder a singela pergunta do entrevistador (Randal Juliano – mais sobre ele daqui a pouco) é uma das mais divertidas – entre tantas – dos bastidores de um dos festivais mais importantes da já bastante importante “era dos festivais” – que durou entre o final dos anos 60 e o comecinho dos anos 70. Estou falando, claro, de “Uma noite em 67″, título e tema de um documentário sensacional que está em cartaz – infelizmente, em pouquíssimas salas pelo Brasil.
Se você dá um mínimo de atenção à história da MPB, já esbarrou pelo menos em algumas dessas imagens de arquivo. Esse foi o “ano de ouro” do então incrivelmente popular “Festival de Música Popular Brasileira da TV Record”, que, na sua terceira edição, premiou nada menos que este “modesto” conjunto de canções”: “Maria, Carnaval e cinzas”, interpretada (mas não composta) por Roberto Carlos, em quinto lugar; “Alegria, alegria”, música e interpretação de Caetano Veloso, em quarto lugar; “Roda viva”, composta por Chico Buarque e cantada por ele (com o MPB4), ficou em terceiro lugar (terceiro!); “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, com ele e os Mutantes (mais também sobre eles daqui a pouco), em segundo lugar (!!); e “Ponteio”, de Edu Lobo, com ele e Marília Medalha, foi a grande vencedora naquele ano!
O nível era tão bom que, para você ter uma ideia, Elis Regina não conseguiu colocar sua “O cantador” (de Dori Caymmi e Nelson Motta) nesse “top 5″ – se bem que ela levou o prêmio de melhor intérprete… E “Beto bom de bola”, de Sérgio Ricardo, foi desclassificada por uma questão, digamos, “técnica” – numa cena antológica (da qual eu já tinha visto fragmentos, mas não ela inteira, como o documentário apresenta), ele desiste de cantar, diante das vaias intermitentes do público, abandona o palco, mas não sem antes quebrar seu violão e atirá-lo na plateia.
O episódio foi tão inesperado que os apresentadores da noite – em mais uma cena hilária (olhando, claro, retrospectivamente) – entram meio assustados no palco para avaliar a situação. O áudio não é bem claro, mas sem precisar de muita técnica em leitura labial, é possível ver Blota Jr. perguntando com genuíno transtorno, se alguém havia se machucado. “Não machucou?”, ele parece dizer, “Então, tudo bem!”… Tudo bem? Tudo ótimo!
A noite já vinha com a promessa de que seria o “máximo” – ou, como o próprio Blota Jr. reforçava na pronúncia da época, o “mácsimo”! Depois de três eliminatórias acaloradas, a expectativa estava nas alturas – mais ou menos junto com os microfones que foram espertamente instalados no teto do teatro Record, em São Paulo, pelo então engenheiro de som do festival, o hoje respeitadíssimo musicólogo, Zuza Homem de Mello – como ele conta em um dos preciosos depoimentos atuais do documentário.
Seus diretores, Renato Terra e Ricardo Calil (que, em nome da transparência, foi meu colega quando trabalhamos juntos na “Ilustrada”, da “Folha de S.Paulo” – “hace tiempo…”), reuniram sonoras pontuais, bem-humoradas, e quase sempre instrutivas – não só para este quarentão que vos escreve, que tem uma memória ligeiramente turva dessa época, mas principalmente para as gerações que vieram depois da minha e que só têm um registro desse evento pelo youtube (aliás, pode procurar: o material sobre esse de 67 e outros festivais é vastíssimo – e delicioso). Além de, claro, se divertirem muito com elas – em alguns momentos é possível ouvir até as risadas abafadas deles quando o entrevistado falava alguma coisa engraçada.
Aliás, não faltaram momentos assim. O mais bizarro deles, talvez, é quando Chico Buarque “confessa” ter “perdido o trem” da Tropicália, por ter bebido demais nas festas em que o movimento musical começava a ser esboçado… Mas tem mais: como quando Paulo Machado de Carvalho Jr (que era diretor dos festivais, e “filho do dono”, ou melhor, do fundador da Record) conta do banho frio que teve de dar em Gilberto Gil (junto com Nana Caymmi, no hotel onde eles estavam hospedados), quando, duas horas antes do festival recebeu a notícia de que o cantor não tinha condições de se apresentar; ou quando o próprio Gil diz que não reconhece, nas imagens que viu depois, o “fantasma” que estava ali no palco; Sérgio Cabral descrevendo a trajetória de um ovo lançado da plateia em direção ao palco; a história por trás do estranho blazer que Caetano usava sobre sua gola “rolê”; e as várias referências ao coro de vaia, que, acredite, tinha até uma musa (uma mulher que ia com um vestido onde estava estampada a letra “u”!).
Mas além de uma boa costura entre os números musicais (uma dica, para você que já vou muito essas imagens: tente reparar nas pessoas do público!) e esses depoimentos contemporâneos, o que deu um charme especial ao documentário são as entrevistas feitas nos bastidores do festival! Para este que ainda se lembra da loucura que foi cobrir eventos como o Rock in Rio 2 (e vários Hollywood Rock), bateu uma certa nostalgia – se bem que de uma outra ordem…
Quando eu fazia esses eventos (um assunto que prefiro comentar em outubro, quando vou marcar os 20 anos da MTV brasileira), o nível de estresse era tão absurdo, que o normal era tirar alguns dias de folga depois da cobertura. Os artistas nunca estavam disponíveis – conceder uma entrevista era um ato de generosidade! -, as equipes nunca eram suficientes, nem sempre a gente tinha acesso aos espaços que queríamos… Era um caos!
O caos dos bastidores do festival mostrado no documentário era diferente: no lugar de tensão e nervosismo, era só descontração e alegria. Os repórteres designados para o evento estavam literalmente em casa – e não digo isso só pelo fato de várias entrevistas terem sido conduzidas com um cigarro numa mão e um microfone na outra… As perguntas geralmente eram introduzidas num clima de “vem cá Veloso”, “Diz aí, Chico”, “Mas então Edu”… E podia vir qualquer coisa. Desde o pedido de uma definição do que significava cultura pop – como citei no começo deste texto – até uma introdução “pra lá de informal” de uns “garotos” chamados Mutantes! Acho que a hora em que eu mais ri foi quando Randal Juliano (o repórter que dividia o microfone com Cidinha Campos) dispara algo como “Como é seu nome mesmo, meu filho?”, e o artista meio sem jeito responde, com aquele “r” bem puxado do interior: “Arnaldo”… (O motivo da risada, claro, não é o “r”, mas a timidez de um dos loucos mais geniais do pop brasileiro, Arnaldo Baptista – ali “revelado” por Gilberto Gil).
Em outro momento, num hiato de conversa, Randal pergunta a Cidinha qual a cor do seu vestido (lembrando, sempre, que as imagens ainda são do tempo da TV em branco e preto). Cidinha, bem à vontade, responde que, de acordo com a moda corrente de dar nome de vegetais para as cores, ela está vestida de “rosa schoking” com… chuchu! As perguntas iam brotando desordenadamente, e as respostas seguiam a mesma linha – não só com muita informalidade, como também, não poucas vezes beirando o non-sense (exemplo: Randal pergunta a Caetano de onde veio a ideia de juntar Coca-Cola e Brigitte Bardot em “Alegria, alegria”, ao que ele responde algo como, “Bem, veio da própria Coca-cola e da Brigitte Bardot…”; e ainda tem o momento em que o mesmo Randal pede umas palavras de Chico para o público e a resposta vem num balbucio constrangedor).
É com passagens assim, involuntariamente hilárias, que “Uma noite em 67″ triunfa na missão de um bom documentário – um tripé que eu costumo definir como “recordar, divertir e informar”.
Informação, não falta – não só sobre o próprio festival e suas músicas e talentos, como de fatos relacionados ao cenário da MPB daquele tempo. Por exemplo, você sabia que, naquela época, artistas e intelectuais organizaram uma “passeata contra a guitarra”? Isso mesmo! Um protesto público para banir a guitarra (essa “alienígena”) da nossa música popular brasileira. Elis ia logo na primeira fila – arrastando Gilberto Gil, que, segundo conta no documentário, nem entendeu direito o que estava fazendo ali -, enquanto Caetano e Nara Leão preferiram ficar no quarto de hotel na hora da passeata (que consideraram um ato “fascista”…).
E o filme ainda para alguns minutos para fazer uma reflexão sobre esse passado. Perguntados pelos diretores se sentem saudades desse tempo, nenhum artista respondeu “sim”. Edu Lobo, numa das lembranças talvez mais amargas, diz que se sentia um cavalo de corrida disputando um páreo de apostas. Chico Buarque admite que quase não pensa naquela noite. E Caetano – sempre Caetano – oferece a resposta mais cândida (e lúcida): só sente saudades da juventude “física”.
Nem toda essa relativa frieza dos entrevistados, porém, é capaz de fazer com que você, espectador, deixe de sentir saudades daquele tempo – mesmo que seja um tempo que você não viveu. Saudades de ouvir tanta música boa de uma só vez – parafraseando a letra de “Ponteio”, não era uma só, “era uma, era duas, era cem”… Saudades de ver uma público com tanta paixão por uma coisa tão simples quanto uma música popular. Saudades da importância que esses festivais tinham no nosso cenário pop. E ainda, saudades de um tempo em que ousadia numa entrevista para a televisão era revelar para o telespectador que uma cantora (Marília Medalha) estava usando cílios postiços – e não arrotar na cara de quem está sendo entrevistado (que, em última análise, significa arrotar na cara do próprio telespectador, que sem refletir, até acha isso a coisa mais engraçada do mundo… mas eu divago…).
Se até Caetano Veloso teve dificuldade em explicar o que é cultura pop, quem sou eu para vir com uma “definição definitiva” nesses quase quatro anos de blog? A cena, na qual Caetano se enrola para responder a singela pergunta do entrevistador (Randal Juliano – mais sobre ele daqui a pouco) é uma das mais divertidas – entre tantas – dos bastidores de um dos festivais mais importantes da já bastante importante “era dos festivais” – que durou entre o final dos anos 60 e o comecinho dos anos 70. Estou falando, claro, de “Uma noite em 67″, título e tema de um documentário sensacional que está em cartaz – infelizmente, em pouquíssimas salas pelo Brasil.
Se você dá um mínimo de atenção à história da MPB, já esbarrou pelo menos em algumas dessas imagens de arquivo. Esse foi o “ano de ouro” do então incrivelmente popular “Festival de Música Popular Brasileira da TV Record”, que, na sua terceira edição, premiou nada menos que este “modesto” conjunto de canções”: “Maria, Carnaval e cinzas”, interpretada (mas não composta) por Roberto Carlos, em quinto lugar; “Alegria, alegria”, música e interpretação de Caetano Veloso, em quarto lugar; “Roda viva”, composta por Chico Buarque e cantada por ele (com o MPB4), ficou em terceiro lugar (terceiro!); “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, com ele e os Mutantes (mais também sobre eles daqui a pouco), em segundo lugar (!!); e “Ponteio”, de Edu Lobo, com ele e Marília Medalha, foi a grande vencedora naquele ano!
O nível era tão bom que, para você ter uma ideia, Elis Regina não conseguiu colocar sua “O cantador” (de Dori Caymmi e Nelson Motta) nesse “top 5″ – se bem que ela levou o prêmio de melhor intérprete… E “Beto bom de bola”, de Sérgio Ricardo, foi desclassificada por uma questão, digamos, “técnica” – numa cena antológica (da qual eu já tinha visto fragmentos, mas não ela inteira, como o documentário apresenta), ele desiste de cantar, diante das vaias intermitentes do público, abandona o palco, mas não sem antes quebrar seu violão e atirá-lo na plateia.
O episódio foi tão inesperado que os apresentadores da noite – em mais uma cena hilária (olhando, claro, retrospectivamente) – entram meio assustados no palco para avaliar a situação. O áudio não é bem claro, mas sem precisar de muita técnica em leitura labial, é possível ver Blota Jr. perguntando com genuíno transtorno, se alguém havia se machucado. “Não machucou?”, ele parece dizer, “Então, tudo bem!”… Tudo bem? Tudo ótimo!
A noite já vinha com a promessa de que seria o “máximo” – ou, como o próprio Blota Jr. reforçava na pronúncia da época, o “mácsimo”! Depois de três eliminatórias acaloradas, a expectativa estava nas alturas – mais ou menos junto com os microfones que foram espertamente instalados no teto do teatro Record, em São Paulo, pelo então engenheiro de som do festival, o hoje respeitadíssimo musicólogo, Zuza Homem de Mello – como ele conta em um dos preciosos depoimentos atuais do documentário.
Seus diretores, Renato Terra e Ricardo Calil (que, em nome da transparência, foi meu colega quando trabalhamos juntos na “Ilustrada”, da “Folha de S.Paulo” – “hace tiempo…”), reuniram sonoras pontuais, bem-humoradas, e quase sempre instrutivas – não só para este quarentão que vos escreve, que tem uma memória ligeiramente turva dessa época, mas principalmente para as gerações que vieram depois da minha e que só têm um registro desse evento pelo youtube (aliás, pode procurar: o material sobre esse de 67 e outros festivais é vastíssimo – e delicioso). Além de, claro, se divertirem muito com elas – em alguns momentos é possível ouvir até as risadas abafadas deles quando o entrevistado falava alguma coisa engraçada.
Aliás, não faltaram momentos assim. O mais bizarro deles, talvez, é quando Chico Buarque “confessa” ter “perdido o trem” da Tropicália, por ter bebido demais nas festas em que o movimento musical começava a ser esboçado… Mas tem mais: como quando Paulo Machado de Carvalho Jr (que era diretor dos festivais, e “filho do dono”, ou melhor, do fundador da Record) conta do banho frio que teve de dar em Gilberto Gil (junto com Nana Caymmi, no hotel onde eles estavam hospedados), quando, duas horas antes do festival recebeu a notícia de que o cantor não tinha condições de se apresentar; ou quando o próprio Gil diz que não reconhece, nas imagens que viu depois, o “fantasma” que estava ali no palco; Sérgio Cabral descrevendo a trajetória de um ovo lançado da plateia em direção ao palco; a história por trás do estranho blazer que Caetano usava sobre sua gola “rolê”; e as várias referências ao coro de vaia, que, acredite, tinha até uma musa (uma mulher que ia com um vestido onde estava estampada a letra “u”!).
Mas além de uma boa costura entre os números musicais (uma dica, para você que já vou muito essas imagens: tente reparar nas pessoas do público!) e esses depoimentos contemporâneos, o que deu um charme especial ao documentário são as entrevistas feitas nos bastidores do festival! Para este que ainda se lembra da loucura que foi cobrir eventos como o Rock in Rio 2 (e vários Hollywood Rock), bateu uma certa nostalgia – se bem que de uma outra ordem…
Quando eu fazia esses eventos (um assunto que prefiro comentar em outubro, quando vou marcar os 20 anos da MTV brasileira), o nível de estresse era tão absurdo, que o normal era tirar alguns dias de folga depois da cobertura. Os artistas nunca estavam disponíveis – conceder uma entrevista era um ato de generosidade! -, as equipes nunca eram suficientes, nem sempre a gente tinha acesso aos espaços que queríamos… Era um caos!
O caos dos bastidores do festival mostrado no documentário era diferente: no lugar de tensão e nervosismo, era só descontração e alegria. Os repórteres designados para o evento estavam literalmente em casa – e não digo isso só pelo fato de várias entrevistas terem sido conduzidas com um cigarro numa mão e um microfone na outra… As perguntas geralmente eram introduzidas num clima de “vem cá Veloso”, “Diz aí, Chico”, “Mas então Edu”… E podia vir qualquer coisa. Desde o pedido de uma definição do que significava cultura pop – como citei no começo deste texto – até uma introdução “pra lá de informal” de uns “garotos” chamados Mutantes! Acho que a hora em que eu mais ri foi quando Randal Juliano (o repórter que dividia o microfone com Cidinha Campos) dispara algo como “Como é seu nome mesmo, meu filho?”, e o artista meio sem jeito responde, com aquele “r” bem puxado do interior: “Arnaldo”… (O motivo da risada, claro, não é o “r”, mas a timidez de um dos loucos mais geniais do pop brasileiro, Arnaldo Baptista – ali “revelado” por Gilberto Gil).
Em outro momento, num hiato de conversa, Randal pergunta a Cidinha qual a cor do seu vestido (lembrando, sempre, que as imagens ainda são do tempo da TV em branco e preto). Cidinha, bem à vontade, responde que, de acordo com a moda corrente de dar nome de vegetais para as cores, ela está vestida de “rosa schoking” com… chuchu! As perguntas iam brotando desordenadamente, e as respostas seguiam a mesma linha – não só com muita informalidade, como também, não poucas vezes beirando o non-sense (exemplo: Randal pergunta a Caetano de onde veio a ideia de juntar Coca-Cola e Brigitte Bardot em “Alegria, alegria”, ao que ele responde algo como, “Bem, veio da própria Coca-cola e da Brigitte Bardot…”; e ainda tem o momento em que o mesmo Randal pede umas palavras de Chico para o público e a resposta vem num balbucio constrangedor).
É com passagens assim, involuntariamente hilárias, que “Uma noite em 67″ triunfa na missão de um bom documentário – um tripé que eu costumo definir como “recordar, divertir e informar”.
Informação, não falta – não só sobre o próprio festival e suas músicas e talentos, como de fatos relacionados ao cenário da MPB daquele tempo. Por exemplo, você sabia que, naquela época, artistas e intelectuais organizaram uma “passeata contra a guitarra”? Isso mesmo! Um protesto público para banir a guitarra (essa “alienígena”) da nossa música popular brasileira. Elis ia logo na primeira fila – arrastando Gilberto Gil, que, segundo conta no documentário, nem entendeu direito o que estava fazendo ali -, enquanto Caetano e Nara Leão preferiram ficar no quarto de hotel na hora da passeata (que consideraram um ato “fascista”…).
E o filme ainda para alguns minutos para fazer uma reflexão sobre esse passado. Perguntados pelos diretores se sentem saudades desse tempo, nenhum artista respondeu “sim”. Edu Lobo, numa das lembranças talvez mais amargas, diz que se sentia um cavalo de corrida disputando um páreo de apostas. Chico Buarque admite que quase não pensa naquela noite. E Caetano – sempre Caetano – oferece a resposta mais cândida (e lúcida): só sente saudades da juventude “física”.
Nem toda essa relativa frieza dos entrevistados, porém, é capaz de fazer com que você, espectador, deixe de sentir saudades daquele tempo – mesmo que seja um tempo que você não viveu. Saudades de ouvir tanta música boa de uma só vez – parafraseando a letra de “Ponteio”, não era uma só, “era uma, era duas, era cem”… Saudades de ver uma público com tanta paixão por uma coisa tão simples quanto uma música popular. Saudades da importância que esses festivais tinham no nosso cenário pop. E ainda, saudades de um tempo em que ousadia numa entrevista para a televisão era revelar para o telespectador que uma cantora (Marília Medalha) estava usando cílios postiços – e não arrotar na cara de quem está sendo entrevistado (que, em última análise, significa arrotar na cara do próprio telespectador, que sem refletir, até acha isso a coisa mais engraçada do mundo… mas eu divago…).
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