A chuva fina e constante faz uma espécie de
mantra no telhado, é 25 de dezembro e ninguém quer ouvir Simone. Um
senhor de barba branca de algodão pede pra ir ao banheiro do shopping
depois de 4 horas initerruptas colocando crianças no colo. Fotos, muitas
fotos, instagram, redes sociais documentando que todos estão felizes.
Dona Canô arranjou um jeito de ir embora de forma poética. O aniversário
de Cristo rendeu bons lucros ao
comércio e uns quilinhos a mais pra todo mundo. A morte de milhões de
perus, chesters e leitoas foi celebrada com sucesso. Familiares
distantes se reencontram e trocam presentes e farpas. Mil delírios,
luzes coloridas, sonhos e faróis. Restos de comida da ceia vão para o
microondas. Viados voadores carregam sacos e mais sacos de bujigangas.
Um ansião adiposo fica preso na chaminé e é preciso chamar os bombeiros.
O movimento na rodoviária já deu uma trégua. Os sinos já tocam
anunciando o fim do feriado. Os lixos estão recheados de papel de
presente. O Natal mexe de alguma forma com a gente.
Kleuber Garcez
Kleuber Garcez
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