domingo, 8 de agosto de 2010

Uma Noite em 2010

 Pra fechar a trilogia do assunto "UMA NOITE EM 67" fomos eu, o Diego e a Camila assistir ao documentário.
Ficou ótimo a maneira de editar as imagens de forma que você se sinta dentro do festival, todo o clima de bastidores, de expectativa  dos concorrentes, as perguntas hilárias e as respostas ainda mais hilárias, o pânico, o público engajado sabe lá a quê, a vaia por sí, a paixão pelos concorrentes, pelas canções, o clima de fla flu que tinha a canção popular nos anos de 1960. A história da passeata contra a guitarra elétrica e sua inutilidade, o violão arremessado à platéia pelo Sérgio Ricardo por conta de sua canção chinfrim "Bebeto bom de bola", enfim...
Ali como expectador eu fiquei com se fosse um dos jurados da grande final.
Não entendi absolutamente nada ao ver Roberto Carlos ganhando um quinto lugar com uma música que nem era de sua autoria, um sambinha sem graça nenhuma, entendi somente o lado de ter um ídolo popular no programa, a questão a audiência, mas desclassificar tantas outras pra premiar essa foi demais pra mim.
Ver o Sérgio Cabral dizer que votou em "ponteio" em primeiro lugar e "domingo no parque" em segundo e logo que saiu se arrependeu e que teria mudado a ordem foi ótimo de ouvir, porque jurado vota no calor da ira, na energia da apresentação, e quase nunca a melhor canção ganha!
Roda Viva em terceiro é um grande desperdício, alegria alegria em quarto até é aceitável diante das três primeiras.
Ser Chico Buarque não era tarefa fácil, pois já tinha sido coroado com "A Banda" e era o rapaz bonito, tinha que ser o mocinho do festival.  Estar entre a jovem guarda, a tradição do samba e o tropicalismo e não querer ser nada disso, não representar nada foi o grande golpe do Chico.
Roda viva é uma música extremamente inteligente e bem composta, melhor que ponteio e bate de frente com domingo no parque do Gil na minha opinião.
 A participação dos Mutantes em Domingo no Parque foi genial, aliás, essa canção é o grande ponto de convergência do que seria a tropicália no ano seguinte que era unir música erudita a música pop inglesa e americana e ainda ter elementos da música brasileira, sobretudo nordestina, ou seja, unir, tradição com a música do mundo num formato coeso, cheio de vida própria, isso sem falar na letra do Capinam.
 Alegria Alegria tem uma letra totalmente artpop, Andy Arhol tupiqiquim, emblemática, mas a letra supera e muito a própria canção, uma marcha rancho. 
Usar o festival como esboço do golpe que seria a tropiália no ano seguinte foi uma grande sacada de Gilberto Gil e de Caetano Veloso.

 Sei que é um texto de um apaixonado que aqui escreve, mas corrigir injustiças de festival só mesmo o tempo e a força de cada música, poque nem mesmo os julgadores sabem como isso se dá.
Pra quem ainda não foi ver, vá, está passando no Shopping Bougaiville e deve sair de cartaz logo.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto apaixonado sobre um momento apaixonante, brother! É nóis!

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